quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MAIS UM MURO PRÓ MONDEGO!

"O Rio Mondego, o maior rio com nascente em território nacional, constitui um curso de água de elevada diversidade biológica e importância histórica, social, cultural, turística e económica, constatando-se também que ao longo de toda a sua extensão, os aspectos ecológicos reflectem a sua unidade e continuidade biológica que urge preservar de forma a viabilizar o desenvolvimento sustentável e integrado de toda esta vasta região. Nesta unidade biológica coexistem espécies florísticas e faunísticas autóctones, muitas delas endemismos nacionais ou ibéricos, isto é, que ocorrem exclusivamente no nosso País ou na Península Ibérica. Da grande diversidade faunística desta bacia hidrográfica, destacam-se as espécies piscícolas diádromas, tais como a Lampreia-marinha (Petromyzon marinus L.), a Enguia (Anguilla anguilla (L.)), o Sável (Alosa alosa (L.)) e a Savelha (Alosa fallax (Lacépède)), que utilizam o Rio Mondego e seus afluentes como local de reprodução (e.g. Lampreia, Sável e Savelha) ou de crescimento (enguia). Com a implementação do aproveitamento hidroeléctrico do Mondego que inclui várias barragens e açudes, verificou-se uma acentuada alteração das características físico-químicas e ecológicas deste curso de água e dos seus afluentes que vieram a afectar, directa ou indirectamente, as comunidades piscícolas. Aquando da construção do Açude-Ponte, em Coimbra, há cerca de 40 anos, foi construída uma escada de peixe. Porém, por defeito de concepção ou de construção, essa escada foi sempre intransponível para os peixes, nunca cumprindo as funções para que estava destinada. Por esse facto, as espécies afectadas e acima referidas, foram-se reduzindo ano após ano a montante deste obstáculo, estando hoje praticamente extintas em toda essa vasta área de rio. O sável, a savelha e a enguia diminuíram drasticamente, enquanto que a lampreia apenas conseguia ultrapassar aquela estrutura em anos de grandes cheias ou com a ajuda humana. Também a extracção continuada de inertes, feita sem critérios técnicos, e a regularização das margens com a eliminação das plantas ripícolas autóctones, foram destruindo os habitats naturais da fauna ribeirinha. Entretanto, com o crescente interesse e consciencialização ambiental ocorrido nos últimos anos ao nível Regional e Nacional, foram surgindo movimentos que apelaram à implementação de medidas de minimização deste problema, nomeadamente através de petição pela construção de uma nova escada de peixe, funcional e eficaz, que viria a ser entregue nesta Assembleia da República, discutida e aprovada por todos os Grupos Parlamentares e seguidamente financiada, encontrando-se esta obra presentemente em fase de conclusão, com um investimento aproximado de 3,5 milhões de euros. Lamentavelmente, foi recentemente decidida a construção de uma mini-hídrica, a montante do Açude- Ponte em Coimbra e da escada de peixe que, para além de pôr em causa todo o investimento que está a ser feito naquela obra, será mais um obstáculo à recuperação e conservação das espécies florísticas e faunísticas autóctones, levando a profundas alterações ecológicas deste troço do rio." (do texto da petição que circula sobre o tema)

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