Desce do Tintinolho, passa na Ramalhosa, reaparece em Pero Soares e na Mizarela...
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Diz o General João de Almeida em "A Guarda Capital da Beira":
"Quando Júlio César foi nomeado pretor da Lusitânia, havia mais de 200 anos que os romanos em vão pensavam tornar efectivo o seu domínio na região dos Hermínios. Com alternativas várias e consoante os chefes, o seu domínio alcançava penetrar nesses maciços montanhosos e receber o acatamento dos seus povos.
Aquele grande chefe romano, partindo de Mérida, atravessa o Tejo em Alcântara e sobe às alturas da Guarda e mercê ainda duma cilada, consegue cercar e vencer os vetões, a tribo mais forte e culta dos lusitanos, nas margens do Mondego, no sítio que para consagração do feito, ainda hoje se chama a Ratoeira.
E reconhecendo à Guarda todo o valor da sua posição e para garantir a posse da sua região, acampa nela uma das suas legiões, dando-lhe o nome de Lancia Opidana, e manda proceder à construção de duas grandes estradas, uma que saindo de Mérida por Alcântara na margem do Tejo, subia à Lancia Opidana; e dali seguindo para norte, atravessa o Douro em Numão, e se bifurcava, indo um ramal terminar em Braga e outro em Astorga; a outra que saindo de Coimbra, vinha a Celorico, subia à Guarda; e dali por Opidania (Verdugal) e Mirobriga (Cidade de Rodrigo) ia terminar em Salamântica (Salamanca) ".
Aquele grande chefe romano, partindo de Mérida, atravessa o Tejo em Alcântara e sobe às alturas da Guarda e mercê ainda duma cilada, consegue cercar e vencer os vetões, a tribo mais forte e culta dos lusitanos, nas margens do Mondego, no sítio que para consagração do feito, ainda hoje se chama a Ratoeira.
E reconhecendo à Guarda todo o valor da sua posição e para garantir a posse da sua região, acampa nela uma das suas legiões, dando-lhe o nome de Lancia Opidana, e manda proceder à construção de duas grandes estradas, uma que saindo de Mérida por Alcântara na margem do Tejo, subia à Lancia Opidana; e dali seguindo para norte, atravessa o Douro em Numão, e se bifurcava, indo um ramal terminar em Braga e outro em Astorga; a outra que saindo de Coimbra, vinha a Celorico, subia à Guarda; e dali por Opidania (Verdugal) e Mirobriga (Cidade de Rodrigo) ia terminar em Salamântica (Salamanca) ".
Mais adiante refere o mesmo autor na mesma obra:
"Depois passados séculos, vêm os barbados, constituindo o reino Suevo-Alano, abrangendo toda a primitiva Lusitânia dos tempos de Augusto, A Vetónia subsiste como província e com sua capital em Lancia Opidana, agora designada por Warda (Guarda)" .
Em referência à antiguidade da Guarda, diz Fr. Agostinho de Santa Maria no seu " Santuário Mariano" ela não foi só grande povoação em tempo dos godos, mas já seria grande no tempo dos romanos".
É sabido que à dominação dos Godos sobreveio a dos Árabes que assolam a região dos Hermínios, indo os seus habitantes refugiar-se nos pontos mais altos das suas montanhas, onde vivem à sombra protectora dos seus castros e citânias.
Diz o historiador, investigador e etnógrafo Virgílio Afonso, no seu livro "A Guarda e os Amores da Ribeirinha":
"Ora os "castros" eram fortificações que os antigos povos (especialmente celtas, lusitanos e romanos) construíram em lugares elevados, formando à sua volta as suas casas circulares, protegidas por fossos ou cursos de água e outros sistemas defensivos. Muitas ruínas desses " castros " se identificam no concelho da Guarda, e assim temos o Tintinolho para os lados do rio Mondego (proximidades de Cavadoude, vigiando os castelos da Guarda e de Celorico da Beira); os Castelos Velhos, junto à Póvoa do Mileu (sobranceiro); Tins e Picoto, na zona de Mondego e Sobral da Serra; o Forte Velho, a primeira fortaleza da Guarda, antes de existir o castelo de D. Sancho II o Jarmelo, com ruínas de muralhas lusitanas e romanas, e ainda os pequenos castelos do Alvendre, de Avelãs de Ambom, Codeceiro, Rochoso, Arrifana, Vila Fernando e Maçaínhas e o "castro" do Caldeirão".
Ainda a propósito da antiguidade da Guarda refere o eminente arqueólogo Dr. Adriano Vasco Rodrigues, no volume " Monografia Artística da Cidade da Guarda ":
"Carlos de Oliveira nega, na região, quaisquer vestígios de romanização. Contudo eles existiam já visíveis em 1941 e 1942, data em que este autor escreveu os sete artigos para a " Altitude ". Refiro-me às vias romanas, das quais aqui existem vestígios. O principal é o daquela que saindo de Mérida, seguia até Astorga. Outro testemunho de romanização, apontado por João de Almeida, é o do aparecimento de cerca de 300 denários republicanos encerrados num vaso de barro dentro de uma mina explorada pelos romanos, na vizinha povoação de Menoita. Destes denários expõe o Museu Regional mais de uma centena.
Contudo, provas de romanização, patentes em numerosos achados arqueológicos, têm sido descobertas nos últimos dez anos, dos quais os mais importantes foram os do Mileu, cerca da capela românica, quando abriam uma estrada. Estas provas acidentais foram conservadas mercê do interesse que passou a existir na cidade pelo problema da sua origem.
Entretanto, foram, também aparecendo testemunhos suvicos e visigóticos (trientes) alguns no Tintinolho e outros nos Castelos Velhos, perto da cidade. São testemunhas de romanização o aparecimento duma cabeça votiva de ninfa, na Fonte da Senhora dos Remédios, e os marcos miliários, dedicado um ao imperador Tácito, junto da chamada estrada de Herodes e o outro de Constantino, possivelmente a via romana que ia de Braga a Mérida, os quais estão depositadas no Museu Regional".
Refere ainda Adriano Vasco Rodrigues, no jornal "A Guarda" de 24 de Maio de 1957:
"Comprova-se agora que D. Sancho apenas aproveitou um local já conhecido e talvez ainda habitado no seu tempo. Nas obras de alargamento da área do Liceu e Sé acaba de aparecer um túmulo romano (tipo cista), escavado no saibro. Este túmulo continha mais de uma dezena de vasos ciner rios e corresponde, possivelmente aos fins do séc. III, princípios do século IV em que se praticava a cremação. Nos vasos apareceram várias formas romanas muito curiosas.
Além dos vasos para guardar as cinzas do cadáver, há vasos para essências e um fragmento em vidro de um vaso lacrimogénio.
Os funerais romanos eram acompanhados por carpideiras. Estas carpideiras vertiam as lágrimas em pequenos vasos tubulares de vidro. Conforme a quantidade de líquido contido no tubo, assim recebiam a esmola da família do morto.
Todos estes vasos se encontram em exposição no Museu Regional, onde podem ser visitados pelos interessados".
Além dos vasos para guardar as cinzas do cadáver, há vasos para essências e um fragmento em vidro de um vaso lacrimogénio.
Os funerais romanos eram acompanhados por carpideiras. Estas carpideiras vertiam as lágrimas em pequenos vasos tubulares de vidro. Conforme a quantidade de líquido contido no tubo, assim recebiam a esmola da família do morto.
Todos estes vasos se encontram em exposição no Museu Regional, onde podem ser visitados pelos interessados".
Dos remotíssimos tempos o paleolítico apresenta a região de diversos vestígios. É o caso dos fipenes acheulenses, um do Rio Diz e outro de Cairrão.
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